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Grande Inca em Sacsayhuaman |
Era no tempo dos grandes incas.
Ao fim da noite mais longa do ano, o alívio de iniciar uma nova jornada, dia de
agradecer aos deuses e pedir sua proteção para o novo período. Uma grande cerimônia está para começar
e os peregrinos dos quatro cantos do império já estão no umbigo do mundo:
Cusco. O culto ao deus sol é celebrado por toda sociedade andina que se
organiza de acordo com sua região de origem. Cada um tem seu papel e conhece
suas obrigações. A importância religiosa, social e política do IntiRaymi, a
Festa do Sol, era tal, que a celebração se tornou conhecida em todo império
inca.
De acordo com o cronista e historiador cusqueño Garcilaso de
La Vega, o Inti Raymi era uma das celebrações mais importantes dos incas e
marcava o início de um novo ano. Em seus registros consta que a festa foi
realizada com a presença do grande Inca pela última vez em 1535. Aí, a história
já é conhecida: dominação espanhola, imposição da fé católica e abolição de
rituais considerados pagãos pelos novos moradores dos Andes.
Depois de suprimido pela Igreja Católica, o Inti Raymi
deixou de ser celebrado até 1944, quando um grupo de intelectuais e artistas
cusqueños decidiram recuperar essa herança andina. Desde então, o IntiRaymi
passou a ser apresentado anualmente, em 24 de junho, na cidade de Cusco.
O Inti Raymi, que no tempo dos incas era uma cerimônia
religiosa, agora é uma apresentação teatral que evoca as recordação dos antigos
povos andinos e contribui para a conscientização histórica dos habitante de
Cusco, que dividem sua festa com seus conterrâneos de diversas partes do Peru.
A celebração ao deus inti também tem atraído muitos turistas
estrangeiros, que já percebem que a cidade habitada mais famosa do Peru merece tanta
atenção, quanto a que é dedicada à sua famosa vizinha, Machu Picchu.
A festa que louva o deus sol é parada obrigatória para os
que desejam conhecer um pouco mais da cultura desse povo andino, que
transformou um costume inca em tradição popular que louva a história de seus
ancestrais.
Participei dessa grande celebração no ano passado e, sim é uma festa turística. Mas vale estar no meio do povo que se espreme para ver passar o grande inca e seu séquito dedicado. Os cusqueños sabem celebrar suas tradições e cabe a nós, turistas, buscar um espaço em meio a isso.