English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

sábado, 31 de julho de 2010

Titicaca - Ilhas Flutuantes de Uros

Antes de tomar o primeiro gole do seu suco de laranja, o comandante da nossa embarcação despejou três goles pela janela. Nossa guia, Maritzia, antes de tomar seu primeiro gole de sua coca cola também fez o mesmo. Curiosa, quis saber o motivo. Maritzia me explicou que é uma oferenda ao Titicaca. Que o lago sente vontade assim como nós e que devemos sempre ofertar a ele como retribuição à fartura que ele nos oferece.

Nosso passeio pelo Titicaca durou o dia todo. Zarpamos bem cedo, por volta das 7h30, quando uma névoa pairava sobre o azul escuro das águas do lago. Pulamos de barco em barco até encontrarmos o nosso. Sentei-me ao lado do capitão e fiquei morrendo de medo quando vi o quão longe dos salva vidas eu estava. Normal. A Sarinha bem sabe que eu sou neurótica com barcos.

Para minha sorte o lago estava calmo e o passeio todo foi muito tranquilo. Nossa primeira parada foi nas Ilhas Flutuantes de Uros. Eu já tinha lido bastante a respeito e, como já é conhecido, interesso-me muito por esse tipo de vida ilhéu. :) Mas, nada do que eu havia estudado, visto em fotos coisa assim, pode expressar com verdade como esses pré-incas vivem e mantém suas tradições até hoje.

Maquete das ilhas flutuantes de Uros
As ilhas sao feitas de totora, um material flutuante muito resistente. Cada ilha tem um tempo de vida útil de até 30 anos, e então, eles devem começar a construir outra. Na ilha em que paramos, eles fizeram uma maquete de como sao construídas e o que há em cada ilha. Veja na foto aqui ao lado. Todas são semelhantes: há cozinha, uma torre para observação, as casinhas e uma área comum para eles.

Assim que terminaram de nos explicar como viviam, os uros nos ofereceram pao quentinho e, então, pude conhecer Suma. Ela me mostrou sua casa, falou-me sobre seu cotidiano e também sobre suas roupas.

Eu e minha amiga Suma
É claro que eu pedi para me vestir como ela e o resultado é esse aqui do lado. Ela me explicou que essas cordinhas com pom-poms se chamam Bom-Bom e as moças de Uros as balançam quando estao procurando um marido!

A simplicidade, a organização e as cores destoam no azul do lago e no bege das casas, formando um visual que só traz reflexão. Como forma de incrementar sua renda, os uros constroem barcos lindíssimos para levar os turistas de uma ilha a outra e cobram 10 soles por isso.

Fui a última a entrar na embarcação e nao havia mais bancos para mim. Melhor, pude ir com o Brian, ilhéu mais novo de Uros. Ele tem 2 anos e meio, anda descalço sobre as totoras congeladas com alguns postais na mão que tenta vender aos turistas. Ele é órfão de mãe, que morreu ao dar vida a ele. Simpático, meigo e confiante, ele foi o caminho todo do meu lado fazendo caras e bocas para as fotos que eu tirava dele. Seu pai, um dos homens que remavam o barco, me contava como Brian é talentoso e já aprendeu a desenhar na escola.


Brian, o morador mais novo da ilha que conhecemos
 O tio de Brian, o outro remador, me contou que antigamente, quando um turista tirava uma foto, os uros cobravam por isso. Mas, que ele não permite que isso aconteça em sua ilha mais: "De agora em diante, queremos ganhar dinheiro em troca de trabalho e não de favores. Por isso, Brian ja vende seus desenhos".

Ao sairmos de Uros, todas as mulheres se reuniram na beira da ilha e cantaram "Brilha, brilha, estrelinha", em quechua, aimara, espanhol e inglês. Depois, a famosa "vamos a la playa". Tudo muito mágico. Um banho de cultura e tradiçao. O Peru me faz uma pessoa melhor e também me faz muito feliz! :)

sábado, 24 de julho de 2010

Cusco - Puno

Em todos os guias de viagem que pesquisei, diziam que era possível fazer o trajeto de Cusco a Puno de trem. So esqueceram de comentar que esse trajeto só é possível aos mais aba$tados. Quando soube o valor do trem (chega a US$ 250), na hora achei mais legal ir de ônibus mesmo.

Uma opção interessante sao os ônibus turísticos. Eles fazem a mesma rota que os ônibus tradicionais, so que com cinco paradas no caminho, serviço de bordo e almoço incluido. A viagem direta de Cusco a Puno dura em media 5 horas. Nesse ônibus, sao 10. Mas, vale a pena e não é tão cansativo, por conta das paradas.

Rachi
A primeira é em Andahuayillas, uma vila onde fica a igreja considerada a capela sistina das Americas. Assim como em Cusco, essa capela foi construida em cima de uma huaca inca (local sagrado). A segunda parada e em Raqchi (na foto), um complexo arqueológico inca muito bacana e diferente das construcoes encontradas em Cusco. aqui há uma série de colunas, o que não é comum.

Depois, paramos para o almoco e, então, em La Raya, onde fica a divisa entre os departamentos de Cusco e Puno (tambem o ponto mais alto da viagem). Algum tempo depois, já passamos pela cidade de Juliaca, que e caótica e muito feia, para finalmente, chegar em Puno.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Como era Cusco antes dos espanhóis?

Qoricancha, Cusco
Cusco é a cidade mais encantadora, mistica e cheia de tradição que ja conheci. Aos que pretendem visitá-la, fica meu conselho: não venha com roteiro pronto, com dias contados. Eu pretendia ficar 3 dias e fiquei seis. E fui embora com a sensação de não ter visto tudo, de não ter experimentado tudo que esse local pode proporcionar.

Nessa foto aqui do lado, esta Qoricancha, o Templo do Sol. Esse templo foi um dos mais venerados no tempo dos incas e hoje so e possível ver parte dele. O motivo? Bem em cima desse local sagrado, os invasores espanhóis, junto com a sempre respeitadora igreja católica, construiram o Convento de Santo Domingo. Infelizmente, essa historia se repete em varios locais de Cusco e Qoricancha e um dos mais privilegiados, pois ainda conseguimos ter uma ideia de como era o templo dos incas.

A Catedral de Cusco, na Plaza de Armas, e um belo exemplo disso. Imponente e considerada uma das mais importantes catedrais das Americas, sua construção foi iniciada em 1539 sobre outro templo inca e o material utilizado foi pedra. Adivinha de onde os espanhois pegaram as pedrinhas? De diversos locais, dentre eles, Sacsayhuamán.

Sacsayhuamán e uma fortaleza cerimonial localizada a dois quilometros ao norte da cidade de Cusco. Sua construcao e da época do governo de Pachacútec, o mais venerado inca. Ha dúvidas sobre o que exatamente foi esse lugar: se uma fortaleza militar ou um local de veneracao. O que se sabe e que o local foi construido no formato do puma, animal da triade inca que guarda a terra.

Voce pode conhecer esses três locais e alguns outros como Tambomachay, onde se cultuava a agua, a 8 Km de Cusco, por sua conta, com um taxi. Ou, pode contratar alguma empresa e fazer um city tour de meio dia. Como eu gosto de saber tudo, contratei o city tour e foi ótimo. Vale lembrar que para entrar nesses locais e necessario ter o boleto turistico. Com excecao da catedral, que nao esta incluida e que custa 25 soles.

A velha montanha, Machu Picchu

Bandeira de Cusco no alto da montanha MachuPicchu
Enquanto todos os turistas iam em direcao a Winapichu ou a Intipunku, a Porta do Sol, por onde eu havia chegado no dia anterior, la fui eu procurar as placas que indicavam o caminho para a velha montanha, Machu Picchu. No mapa que recebemos, esse trajeto esta classificado como alternativo.

Nao é para menos, sao 1h30 de caminhada, para quem tem fôlego, numa subida muito ingrime ate o topo da montanha. Esse caminho, de pedras desniveldas, tambem e original dos incas, que fizeram diversos caminos ate o santuario de Machu Picchu. Eu agora estava percorrendo o segundo deles.

A subida é exaustiva. Era necessario parar algumas vezes para recuperar o fôlego. Normalmente, eu faria algumas pausas de uns 5 minutos, como fiz tantas vezes durante a trilha inca. Mas, nessa escalada isso nao era possível. Eu queria ver o sol banhando, pouco a pouco, a montanha nova, Winapichu, que estava a minha frente. E uma visao espetacular e a cada vez que eu olhava para tras, El sol me apressava e Pacha Mama me dava forcas para subir mais rapido. Loucura, eu sei. Nao deveria ter subido tao rapido e sozinha. O risco de ter falta de ar e grande e eu ja havia sido alertada sobre isso nos meus quatro dias de trilha.

Felizmente, tudo deu certo! La do alto da velha montanha, eu contemplava tudo pelo qual sempre sonhei: a minha frente, a cidade sagrada dos incas; ao meu lado direito, bem longe, o acampamento do terceiro dia da trilha que tanto custou a mim; ao meu lado esquerdo, Águas Calientes, a cidade base para visitar esse santuario tao especial; e, atras de mim, a cordilheira nevada. Todo esse cenario so para mim.

Fui até a beira da montanha, abaixo de onde e permitido ficar, e encontrei uma pedra, quase no formato de um banco. La me sentei, com todo cuidado, e, mais uma vez, chorei. Dessa vez, nem sei dizer o motivo. Entrei em epifania. Tudo passava pela minha cabeca, tudo era colocado em perspectiva, as quais nao vou dividir nesse blog. Eu as escrevi em meu diario e um dia espero entender tudo aquilo. Vinte paginas e nao sei dizer quantas horas depois, me levantei do meu banquinho e fui comecar a descida.

Notei que não havia nuvens nesse momento. O céu era todo azul e limpo. Nao era mais sonho, era realidade. Deixar esse lugar foi muito dificil para mim. Senti como se tivesse deixado uma parte minha nesse santuario. Com certeza, jamais esquecerei meus momentos aqui.

Santuario Historico de Machu Picchu

A primeira licao que guardei sobre Machu Picchu, assim que cruzamos a Porta do Sol, e que esse local tao especial e um santuario, um local sagrado. Edgar, nosso guia, fez questao de ressaltar que esse espaco era especial para os incas e que deveriamos conter nossa alegria e nao gritar, pular, ou coisas do tipo. No caminho entre a Porta do Sol e a famosa pedra onde tiramos a foto tao sonhada, ha um espaco de purificacao e um templo para Pacha Mama, mae terra. Deixei 3 folhinhas de coca para ela e agradeci pela minha jornada.

Aos mochileiros que chegam pela trilha, e necessario descer ate a porta por onde chegam todos os turistas vindo de Águas Calientes, para deixar as mochilas, pois nao e permitido carregar grandes bagagens. Depois de nos livramos do peso, Edgar apresentou, num tour de aproximadamente duas horas, a cidade sagrada dos incas.

Ele nos mostrou os principais pontos: o templo do condor, o templo do sol, a praca principal entre outros. Entao, nos deixou livres para caminhar. Estavamos eu, Dai, Alisson e Cassiana. Conhecemos outros pontos da cidade, mas o cansaco pedia que fossemos embora.

Como eu ja havia planejado passar a noite em Aguas Calientes para voltar a Machu Picchu no dia seguinte, nao achei ruim ir embora por volta das 14 horas. Descemos de onibus a Aguas Calientes, onde almocamos com nosso guia e nos despedimos dele.

Águas Calientes
A cidade so serve mesmo como apoio aos turistas que desejam chegar a Machu Picchu da maneira mais facil: trem e onibus. A praca principal e ate que bacaninha, ha inumeros restaurantes e uma briga por clientes. Eles quase te puxam para dentro. Aos mais corajosos, e possivel visitar as aguas termais para relaxar um pouco. Aos que preferem relaxar de outra maneira, nao faltam bares nas pequenas ruelas.

As entradas para Machu Picchu podem ser compradas perto da praca principal, ao lado da igreja. Estudante com carteirinha ISIC paga 70 soles. Como eu pretendia ir a Machu Picchu no dia seguinte, tratei de comprar minha entrada com antecedencia, assim como os bilhetes do onibus, que custam 7 dolares, ida e volta.

Edgar havia me avisado que se eu quisesse subir Winapicchu, que fica dentro do Santuario de Machu Picchu, eu deveria madrugar na fila do onibus, pois so sao permitidas 400 pessoas por dia. Foi o que fiz: acordei as 4 da manha e la fui para a fila do busao na rua gelada de Aguas Calientes. Claro que ja havia uma fila enoooorme na minha frente.

As 5h30 sai o primeiro onibus. Eu so consegui pegar o sexto e, a essa hora ja havia perdido as esperancas de conseguir um ticket para Winapicchu. Quando finalmente, passei no controle do Santuario, o rapaz me confirmou que nao havia mais ingressos para escalar a "montanha nova". Super desapontada, sentei do ladinho enquanto os turistas passavam desesperados por mim. Foi quando um anjo, com uniforme do Instituto Nacional de Cultura (INC) tocou meu ombro e me disse: "¿Chica, quieres Machu Picchu solo para usted?". Eu respondi que sim e ele me indicou que escalasse a montanha velha, Machu Picchu. Disse-me que poucos turistas iam nessa direcao, mas que era a visao mais bonita da cidade.

Quando ele me apontou onde era, me dei conta que era a montanha que haviamos avistado durante o terceiro dia inteiro da trilha. Muito alta. No topo dela, a bandeira de Cusco. Sem pensar duas vezes, com os jolehos ainda arrebentados e, dessa vez, sem bastao de caminhada, la fui eu, sozinha, escalar minha montanha.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Vai Brasil!!!

Machu Picchu - Trilha Inca 4º dia


O despertar foi as 3 da manhã. E não pense que achei ruim. Mal via a hora de levantar, calçar minhas botas surradas e partir para a Cidade Perdida dos Incas. Ao abrir a barraca, mal podia acreditar no céu que nos brindava. A impressào era que, para cada pedra que haviamos pisado, havia uma estrela no céu.

Marcio, Casiana, Paulo, Alisson, eu e Dai
Depois do nosso último desayuno, com panquecas com doce de leite (detalhe: com um trevo da sorte desenhado), nos aprontamos e, ainda no escuro, saimos do acampamento rumo ao último controle da trilha inca. Tivemos que esperar por quase uma hora, pois o controle só abria as 5 horas. Uma fila de mochileiros se formava. Pensas tu que estavámos cansados ou abatidos? Isso nao se via em nenhum rosto. Uma euforia tomava conta de nos e todos dividiam o mesmo sentimento. Em alguns minutos, em meio a escuridão, brazucas se juntaram e trocamos nossas impressões dos últimos três dias.

A Dai viu uma estrela cadente. Eu não. Mas tudo bem, acho que nao tenho direito de pedir mais nada. Se é possível alguem sentir tanta felicidade como a que estou sentindo agora, que me diga como é. Nesse momento, estou transbordando de emoção e sinto-me extremamente abençoada por ter meu sonho realizado.

Quando o controle abriu, apresentamos nossos passaportes e saimos, rumo as duas horas finais de caminhada. Meus joelhos doiam sim, mas eu apressei o passo ao máximo. Uma euforia tomava conta de todos. No escuro, so se ouviam passos fortes e respirações ofegantes.

A cada passo, a cada raio de luz que ia iluminando a trilha, meu coração se acelerava e as lágrimas, mais uma vez, se aproximavam.

Já cansados, nos minutos finais, um ultimo desafio: subir cerca de 50 degraus de uma escada que parecia parede de escalada. De mochila nas costas, fui escalando degrau por degrau com as mãos. Era uma loucura, mochileiros loucos passavam particamente por cima de mim. O motivo? Ao final da subida lá estava Intipunku, a Porta do Sol. De lá, bem embaixo, eu vi, pela primeira vez, Machu Picchu.

Finalmente, troquei a imagem do livro de História por esse momento. As lágrimas são previsíveis e inevitáveis para mim. Não conseguia me mover: lá estava a cidade que tanto sonhei, a montanha que tanto sofri por alcançar, a foto que tanto vi. Tudo lá, na minha frente. Tudo meu.

Depois de contemplar tudo aquilo, descemos e tiramos a foto cartao postal que sera poster no meu quarto logo mais.

Agora ou nunca - Trilha Inca 3º dia

Eu ñ curto muito Bon Jovi, mas Its my life foi a trilha sonora que marcou nossa chegada a Wiñaywayna, o acampamento do 3º dia da trilha:

"It's my life
It's now or never
I ain't gonna live forever
I just want to live while I'm alive
My heart is like an open highway
Like Frankie said
I did it my way
I just wanna live while I'm alive
It's my life"

A sensacao de chegar num acampamento que tinha musica, ou seja, energia eletrica ja era boa o suficiente. Nesse dia, sabiamos que, finalmente, poderiamos tomar banho quente, a 5 soles. Tudo era alegria quando soltamos os bastoes e nos jogamos na mesa do almoco no acampamento, por volta das 15h.

O terceiro dia de caminhada foi lindo, perfeito, memoravel. Nada de grandes subidas, nada de chuva, nada de frio. Pacha Mama nos brindou com sua beleza e contemplar a natureza ao nosso redor revigorava cada passo.

Em poucas horas ja havia esquecido os tenis, as meias, a calca e jaqueta molhada que eu vestia. Dor, eu senti sim, pois havia muita descida e meus joelhos estavam arrebentados. Edgar, percebendo que eu sofria para descer, gentilmente, cedeu seu tensor para mim. A Dai caminhou super bem e quem chegou por ultimo ao acampamento fui eu e meus joelhos podres.

Depois do almoco tomei banho quente e, quando achei que ia aproveitar a super infraestrutura do nosso ultimo acampamento, o corpo pediu descanso. Minha cabeca comecou a doer, meus joelhos nao se dobravam e eu nao conseguia sair da barraca. Na hora da janta, Edgar veio me buscar e, com muita dor, e lagrimas, desse vez nao de emocao, caminhei ate a area do restaurante. Eu fui pois sabia que esse dia era especial: fariamos uma cerimonia com os porteadores que estiveram conosco durante todo o caminho. Depois da janta, e de tomar um cha de limao e um super anti-inflamatorio, fomos para o lado de fora. Embaixo de um ceu pintado por estrelas, Edgar prestou uma homenagem aos nossos bravos porteadores e nos deixou dizer algumas palavras a eles.

Eu os agradeci por todo trabalho servido e disse que jamais os esqueceria pois eles haviam me ajudado a alcancar um sonho. Elberto, Hilario, Santos e Bruno mantiveram-se, como sempre, calados e cabisbaixos, acanhados, enquanto os agradeciamos. Demos um dinheirinho e uma bandeirinha do Brasil para cada um e nos despedimos desses 4 super herois.

Do nosso acampamento era possivel avistar a bandeira de Cusco no topo da velha montanha, Machu Picchu. Atras dela, a cidade sagrada nos aguardava a apenas algumas horas. A noite foi linda e nao poderia ter sido mais perfeita.

Nesse momento, os sentimentos ja se misturavam: vontade de chegar logo e tristeza de terminar a jornada. Era meu sonho cada vez mais proximo, cada vez mais meu.

Chuva, frio e muita subida! – Trilha Inca 2º dia

Amanheceu chovendo, do tipo que não deveria acontecer no inverno. Tomamos nosso desayuno debaixo de uma espécie de quiosque. Dava para notar que estávamos dentro da propriedade de alguns moradores tradicionais. Edgar nos disse que existem alguma famílias que moram nesse trajeto do Camino Inca e que eles cedem seus espacos para os acampamentos em troca de uma certa ajuda do governo. Bom saber que pelo menos nao somos tão invasores assim.

Depois de tomar aveia quente, pan con huevos e mantequilla, vestimos nossas capas, pegamos nosso bastão e bora caminhar. Nesse dia, decidimos contratar porteadores para carregarem nossas mochilas. Custou-nos 80 soles. Apesar do preço não ser barato, senti-me muito mal por vê-los carregando aquele peso todo que eu, mochileira de primeira viagem, havia colocado nas costas. E uma sensação estranha: você os ajuda contratando seus serviços, mas quando os ve passar correndo, na chuva, com aquele peso todo (chegam a carregar 30 kg), a sensação é péssima. Não sei explicar.

Achava que pela manhã estava frio. As duas primeiras horas de caminhada foram muito sofridas. O segundo dia da trilha inca é quando se sobe mais, chegando a 4200 mts. Já sabia que seria o dia mais puxado e aquela chuva da manha me assustou bastante. Tinha esperanca que ia melhorar o tempo, quando a chuva ficou mais espessa e a temperatura caiu. Depois da primeira parada, segui caminho sozinha. Edgar, nosso guia nos deixou livre para caminharamos conforme nosso tempo. Segundo ele, e melhor nao parar muito.

Eu, Cassiana, Gilbert (guia) e Marcio. Ao fundo está o Paulo
A Dai ficou para trás. As subidas foram muito difíceis para ela. Edgar a acompanhou o trajeto todo. Para mim, tambem não foi fácil. Os pulmões pareciam que iam explodir. No desespero da subida, com a falta de ar, o instinto nos faz abrir a boca e puxar. Mas, a essa altitude, de 3 a 4 mil metro, ele e meio escasso e isso nao se deve fazer.

Não podiamos ver qual seria o fim da subida. Tampouco aproveitamos a vista das montanhas. Uma nevoa cobria tudo e a chuva não nos deixava levantar muito o rosto. Não conseguia sacar a câmera de tanta chuva.

O combinado desse dia era caminhar ate as 14h e entao almocarmos ja no nosso acampamento. No meio do caminho fizemos uma breve parada para comprar água e usar o banheiro. Era impossivel ficar parado. O frio doia nos ossos e com cinco minutos ja nao era possivel sentir os dedos. Nessa parada, Cassiana e eu seguimos a trilha com o Marcio, outro brasileiro. O amigo dele, Paulo, estava um pouco atras, passando mal.

Quando, finalmente, alcancamos o topo mais alto, fomos expulsos da montanha. Um vento fortissimo, com chuva e granizo nos cortava a pele. As capas nao adiantavam de nada e nao houve parte do corpo que estivesse seca. Depois de tanto subir e sequer conseguir apreciar a vista, tivemos que descer rapidamente. A Cassiana estava a dois passos de mim e eu nao a conseguia ver. Esse foi o pior momento de toda trilha. Meus joelhos ja davam sinais de dor e o frio e as roupas molhadas so completavam o cenario.

Para azar nosso, e mais ainda dos porteadores, as barracas estavam molhadas tambem. A tarde e a noite desse dia forma um caos. Tudo estava molhado e o frio era de cortar. Nao preguei o olho um segundo. Pior que estar nessa situacao era pensar que a chuva nao dava sinais de tregua. Segundo os guias, se nao parasse ate o dia seguinte, as chances de ver Machu Picchu no 4º dia eram pouquissimas.

Mochila nas costas e coração na mão – Trilha Inca 1º dia

Edgar, nosso guia, atrasou-se longos 17 minutos, durante os quais eu não parava de andar de um lado a outro da pequena e aconchegante recepcao do hostel em Cusco. Quando já havia pedido que ligassem para a agência, finalmente ouvi o barulho de um carro. Era o Edgar, que, desde aquele momento, ja percebi que seria um grande amigo!

Fomos de taxi ate um ponto de Cusco onde alguns ônibus nos esperavam. Do lado de fora, vários homens, muito simples, e aparentemente pouco agasalhados, estavam aguardando também. Percebendo meu interesse, Edgar logo explicou que eles eram os porteadores, os responsáveis por subir com todo o equipamento para nosso acampamento. Nessa hora também conhecemos Alberto, nosso cozinheiro. Simpático, mas muito tímido, com face para baixo, ele me cumprimentou acanhado. Algumas horas depois ia descobrir em Alberto o melhor cozinheiro do mundo!

Uma vez dentro do ônibus, partimos rumo a Ollantaytambo, que e uma cidade que faz parte do Valle Sagrado, de onde parte o Camino Inca. (Depois farei um post somente sobre essa cidade, que visitamos também e que tem um belissimo sitio arqueológico).

Quando descemos do ônibus, conhecemos Cassiana e Alisson, nossos compas brasileños, que seriam nossos companheiros de viagem. De mochila nas costas e coração na mao, partimos para nossa primeira foto na conhecida placa de inicio do Camino Inca!

Alisson, Cassiana, Dai e eu no início da trilha inca!


Entao, encaramos uma fila de mochileiros no controle para a entrada da trilha. O frio da barriga vencia o frio na beira do Urubamba. O peso da mochila era menor que o peso da responsabilidae de não decepcionar a mim mesma. Minha concentração comecou ali, olhando a subida do outro lado da ponte.

Com meu segundo carimbo no passaporte (sim, mochileiros, na trilha inca há um carimbo!), dei meus primeiros passos por cima do Urubamba, rumo a Machu Picchu. Foi dificil desde o princípio. A vontade e de para a cada 1 minuto e não por causa do peso ou da falta de ar, mas para apreciar o momento. Para curtir essa parte tao especial da minha vida.

Edgar nos alertou do principio: "caminem despacio, pero mantenham o ritmo". El sol nos abençoou no primeiro dia de caminhada e nos deu um céu lindo para ornar com a terra cheia de vida. El condor e el puma completaram com harmonia nosso dia.

Avistamos dois sitios arqueológicos, Cañabamba e , e nem preciso comentar sobre as minha lágrimas. Na primeira subida que fizemos, a qual nem imaginavamos que seria a mais leve, a sensação no topo ja era mágica. Quando avistamos a primeira montanha coberta de neve, a Dai me disse: "eu sinto que estou nas nuvens", ao que respondi "sinto isso desde que pisei aqui". O Peru tem um efeito em mim que nao imaginava poder sentir.

Esse primeiro dia foi cansativo, com mochila nas costas o tempo todo e foi todo descoberta. Nunca imaginei comer tão bem nessa trilha. Quando finalmente alcancamos a parada para o almoco, ficamos boquiabertos com a organizacao: barraca montada, mesa posta, com o capricho de uma toalha tipicamente peruana. Fomos recepcionados com suco, depois sopa, então o prato principal, arroz com carne e cebola,  mais sobremesa. E, por fim, um té de coca para digestão. Perfeito, memoravel. Quatro homens muito quietos nos serviam humildemente. Nesse momento ainda era cedo para conhece-los, mas eu já tentava uma aproximação.

Dez minutos apos o alomoço, partimos rumo a segunda parte do dia. Muito mais cansativa, mas tão bonita quanto a primeira. No fim da tarde, quando el sol ja cedia lugar a el luna, a chuva decidiou nos tocar a pele cansada e fria. Paramos, colocamos nossas capas e seguimos caminho. Uma hora depois, ja na penumbra, chegamos a nosso primeiro acampamento. As barracas já estavam armadas e aquele mesmos homens estavam todos a postos para, mais uma vez, nos servir um belo banquete e nos proporcionar um belo abrigo para a chuva.

A noite foi fria e dormir no chão, dentro de um saco não foi facil. Mas foi simplesmente um alivio!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Partindo para o Camino Inca

Agora são 6 horas da manhã aquí em Cusco. Hoje comecamos nossa caminhada rumo a Machu Picchu. A empresa que contratamos para fazer esse camino virá nos buscar as 6h30. Durante quatro dias cruzaremos os Andes até a cidade sagrada dos incas.


É impossível dizer como estou me sentindo agora. Também e impossível fazer um bom texto que tente aproximar essa sensação. Minha intenção agora é só deixar avisado que o blog ficara inativo pelos próximos 4 dias pelo menos e pedir que todos que estejam lendo isso emanem energias positivas para nossa caminhada.

Preparo físico eu não tenho. A mochila não está leve e não é por luxo. Simplesmente faz muito frio aqui e precisamos levar todo tipo de abrigo. Ontem conhecemos nosso guía, o Edgar, que nos apresentou todo o trajeto, que infelizmente, nao vou conseguir colocar aqui agora.

¡Hasta luego, chicos!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Una foto señorita!

Em todos os lugares de Cusco há mulheres com lhamas perguntando se você gostaria de tirar uma foto com ela. Hoje, finalmente cedi a tentação turistica e tirei una fotita!

A lhama ficou me encarando o tempo todo e dá pra notar que eu não estava muito relaxada, ne? :)

Momentos cusqueños

Acordei bem cedinho hoje, coloquei todas as roupas de frio e fui rumo a Catedral de Cusco para assistir uma missa. Ate as 10 da manha e possivel entrar na catedral sem pagar nada. No caminho para a Plaza de Armas, notei que tres homens bloqueavam uma das ruelas que da acesso a Calle Recoleta, onde estou hospedada, com uma faixa e um tambor. Como estava a pe, passei sem problemas.

Chegando na igreja, fui tomar um assento para participar do ritual. Tudo muito catolico, sem nada regional. Eu esperava uma oracao em quechua ou algo assim, mas nao rolou. Uma vez dentro da igreja, e possivel caminhar por quase todas as areas. Ha varias placas dizendo que nao se pode tirar fotos. Mas, e logico que eu tirei algumas. ;)

Estava a apreciar um dos altares da imponente catedral quando ouvi barulho de tambores, apitos e pessoas gritando. Pensei na hora: "aquele piquete chegou aqui!". Quando sai da igreja, me deparei com cerca de 50 homens com bandeiras vermelhas pedindo algo num so coro. A policia acompanhava muito de perto a manifestacao e deu um certo medo ve-los com umas armas enormes em maos para uma situacao como aquela.

Enfim, como nao compreendia o que era, me aproximei de uma senhora e perguntei. Ela me disse que era uma manifestacao dos empregados da construcao civil por melhores condicoes de trabalho, melhores salarios e tudo que um trabalhador, por direito, deveria ter. Mais uma vez, fui agraciada com uma cusqueña muito simpatica que passou uma hora comigo. Nelida, minha amiguinha, logo reconheceu que eu era brasileira e me convidou a entrar na missa com ela. Quando disse que ja havia assistido a missa, ela ñ se contentou e falou: "vou te levar numa capela especial". E fomos ate uma capela na lateral da catedral, onde ela se ajoelhou comigo e comecou a rezar.

Nelida me disse que eu deveria ir ate a pedra dos 12 angulos, que fica perto da catedral, para fazer um pedido. Todos que eu conheo aqui so sabem desejar um bom camino para minha jornada a Machu Picchu. E e isso que me da energia!

Um pouco mais tarde, por volta das 11, quando retornava a praca com a Dai, fomos surpreendidas por um desfiles de niños em comemoracao ao mes da independencia do Peru. Em 28 de julho e comemorado a independencia do pais, proclamada por Jose de San Martin. Mas o niños cusqueños ja estavam em festa hoje.

Foi uma delicia ve-los desfilar pelas Plaza de Armas ao som de uma bela fanfarra. Estar em Cusco e vivenciar energias positivas sempre! Nao tenho vontade de deixar essa cidade nunca mais!!

Pisco!

Ontem fomos conhecer a noite cusqueña no Mama Africa, um bar muito famoso e frequentado por mochileiros do mundo todo. O ambiente e agradavel: se voce nao chegar muito tarde (ate as 23h), e possivel conseguir uma mesa ou ate mesmo alguns sofás para se aconchegar.

Foi aquí que experimentamos o famoso Pisco, uma bebida feita com aguardente de uvas. O pisco e producido no Peru desde o final do seculo XVI. Parece um pouco com marguerita, so que mais docinho. Uma delicia!

¡Mucho gusto, Lucelia e Alberto!

O sol já estava quase se pondo quando sai do hostel rumo a Plaza de Armas. Caminhar por essas ruelas de pedra, onde, vez ou outra, só cabem uma pessoa por vez na calcada, por si só, já e uma experiência única. Quando cheguei na praça, mais que depressa fui ate a universidade que fica ao lado da igreja.

Conheci o Alberto, o segurança da universidade. Conversando com ele sobre o que poderia visitar naquela hora, já que o sol já estava cedendo lugar a bela lua, ele me disse que tudo estava cerrado. Fiz uma cara de tristinha e continuei conversando com ele. Foi quando meu mais novo amigo cusqueño me ofereceu um belo presente. Ele me disse que eu poderia subir no telhado da universidade para tirar fotos. Mas, me disse para tomar cuidado para não cair de la de cima. :) Foi enquanto que ele abriu uma portinha que dava acesso a uma escadaria de pedras, tudo muito estreito, baixo e escuro. Fui subindo. Quando cheguei la em cima, mal podia acreditar na visão que eu tinha da Plaza Mayor.

Sentei no telhado, na frente da janela da igreja, onde estava acontecendo a missa. Enquanto o padre rezava lá em baixo, eu contemplava Cusco lá de cima. Eu só poderia ficar alguns minutos, mas passei quase uma hora sentada naquele telhado observando a cidade dourada.

Depois desse momento, desci e fui me sentar num dos banquinhos verde da praça. Foi quando uma senhora me ofereceu alguns potinhos com desenhos de Cusco. Agradeci e disse que não gostaria de comprar. Ela, então, se sentou ao meu lado e começamos a conversar. Ela me perguntou de onde eu era e quando respondi, mais que prontamente já me perguntou sobre o carnaval. Ela me explicou que aqui se comemora o carnaval também, só que de maneira muito diferente. Ela disse que e como um ritual e que se brinca com a água.

Lucelia, essa senhorinha muito simpática que decidiu ser minha amiga, e conversamos sobre a família dela, sobre a minha, como e a vida em Cusco e em São Paulo. Ela me ensinou algumas palavras em quéchua, idioma dos incas, e eu ensinei a ela algumas em português. Senti-me muito inferior a ela durante nossa conversa. Minha impressão era estar tendo um banho de cultura e não poder retribuir a altura.

Contei a ela que conhecer Cusco era meu sonho e que iria fazer a Trilha Inca. Foi quando algo mágico aconteceu: ela se virou para mim e disse que tinha algo que eu deveria ter comigo e que ela tinha certeza de que me gustaria mucho. Entao, ela sacou uma especie de boneca feita na casca de fruta. Disse-me que era Pacha Mama e que nao poderia deixar de te-la comigo. Logico que eu fiquei super emocionada com Pacha Mama em minhas maos (ainda vindo de uma senhora cusqueña, como conta a lenda). Contei a Lucelia que eu tenho um blog com esse nome. Na verdade, demorei mais para explicar o que e um blog, que para dizer que ja conhecia um pouco de Pacha Mama.

Para melhorar, Lucelia me apresentou Pacha Papa e me disse que para ter um bom matrimonio eu deveria ter os dois do lado direito da minha cama. O Rodrigo que se cuide, pois eles ja estao do meu ladinho!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cusco, Qusqu

A melhor decisao que eu poderia ter tomado era vir de Lima para Cusco de aviao. Para quem puder, ja fica a minha dica. Durante todo o voo, a paisagem e exuberante. O marrom das montanhas impera, intercalando no branquissimo da neve no topo. Sao 50 minutos de voo nos quais voce nao consegue tirar os olhos da janela.

Quando o comandante avisou que estavamos proximos de Cusco, a reacao de diversas pessoas foi: "onde vamos descer?". E eis que surge, em meio a essa cadeia imensa de montanhas a belissima Cusco. O aviao faz a volta na cidade e foi possivel reconhecer ate mesmo a Plaza Mayor.

Ao meu lado, estava um senhor, Antonio. Ele e brasileiro, mora no Rio e estava retornando a Cusco apos 20 anos. Agora, trazia consigo seus dois filhos, de 14 e 16 anos. Veja a coincidencia: eles tambem vao empezar el camino inca na sexta-feira. Antonio me mostrou alguns pontos da cidade que ele se lembrava. Enquanto o aviao fazia suas manobras, nao pude conter as lagrimas de felicidade de estar aqui, finalmente, realizando meu sonho. Do alto, Cusco e encantandora. Por terra, nao poderia ser diferente.

Parece exagero, mas a vontade que se tem quando se chega nessa cidade e de ñ falar. Aos que me conhecem, sabem que isso e quase impossivel. Mas e verdade. Tudo aqui merece momentos de contemplacao.

Meus ouvidos estalaram alguns minutos depois de desembarcar. E normal, por causa da altitude: a cidade esta a 3400 metros. Pegamos um taxi no aeroporto onde fomos praticamente roubadas! Nos cobraram 20 soles pela viagem, que normalmente seria US$ 3. Claro que so descobri isso aqui.

O hostel e muito aconchegante. Assim que o Javier nos acomodou, num belo quarto com banheiro privado, cama boa e muuuitos cobertores, fui conhecer os outros comodos. Na cozinha, conheci a Cati, que me ensinou como mascar coca e gentilmente fez o meu cha. O gosto nao e dos melhores, mas e necessario para evitar o mal da altitude, ou soroche.

Depois de acomodadas, seguimos pelas simpaticas ruelas cusquenas rumo a Plaza Mayor. Chegando la, a energia muda. A vontade e de sentar e ficar parado ali por horas, que e o que farei daqui a pouco. :)

Compramos o boleto turistico, que da acesso as principais atividades de Cusco e arredores. Agora, a Daiane esta dormindo. Dizem que ao chegar aqui essa e a vontade: dormir, dormir e dormir. Mas eu nao consigo. Minha euforia e demais!

Um pouquinho de historia
A cidade era o mais importante centro administrativo e cultural do Tahuantinsuyu, ou Império Inca. Lendas atribuem a fundação de Cusco ao Inca Manco Capac no século XI ou XII. As paredes de granito do palácio inca ainda estão lá, bem como monumentos como o Korikancha, ou Templo do Sol.


Depois do fim do império, em 1532, o conquistador espanhol Francisco Pizarro, invadiu e saqueou a cidade. A maioria dos edifícios incas foi arrasada pelos clérigos católicos com o duplo objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as novas igrejas cristãs e demais edifícios administrativos dos dominadores, desta forma impondo sua pretensa superioridade européia.

A maioria dos edifícios construídos depois da conquista é de influência espanhola com uma mistura de arquitetura inca, inclusive a igreja de Santa Clara e San Blas. Freqüentemente, são justapostos edifícios espanhóis sobre as volumosas paredes de pedra construídas pelos incas.

De forma interessante, o grande terremoto de 1950, destruindo uma construção de padres dominicanos, expôs que esta fora erigida em cima do Templo do Sol, que curiosamente resistiu firmemente ao terremoto.

Esta teria sido a segunda vez que aquela construção dos dominicanos fora destruída, sendo que a primeira vez fora em 1650 quando a construção espanhola era bem diferente.

Dica:
Ñ acredite nos taxistas que te dizem que seu hostel fica muito longe da plaza mayor. Eles so querem te levar para os que pagam comissao a eles. Ñ pague mais que 10 soles no taxi do aeroporto para o centro!

Lima - Centro Histórico

Na minha primeira segunda-feira de férias, meu relóginho biológico fez questao de me acordar no horario que eu teria que trabalhar. Foi engraçado porque eu acordei apavorada chamando a Dai pra gente sair e tal. Foi quando ela me lembrou que eram 5 da manha daqui. Ou seja, sete do Brasil! Ai, ai...

Esse sentimento de trabalhador passou e eu fui curtir o hostel. Tentei trocar ideia com um cara que também estava meio perdido no fuso horario, mas nao rolou. Nem consegui descobrir que idioma ele fala! Hahahahaha

Bom, na hora certa, por volta das 9h, acordei a Dai e fomos tomar café (um paozinho seco numa manteiga dura), perguntamos como fazer para chegar no centro e fomos. Decidimos viver Lima à flor da pele e pegamos uma van, uma espécie de micro-ônibus. O trajeto de Miraflores ao centro é feito pela Avenida Arequipa e custa 1 nuevo sol. Nao há catraca, e os pontos de ônibus sao desnecessários. Todas as vans passam e buzinam ora chamando os passageiros, ora para "avisar" que vao fechar algum carro. É tudo muito louco e barulhento. Assistir essa doideira da calçada já da um medo. Andar nisso é uma verdadeira aventura e o jeito mais barato também.

Uma vez dentro, é só avisar ao cobrador em que ponto você irá descer e ele lhe dirá quanto custa a passagem. Nao vale a pena tentar entender como eles medem o trajeto, mas é assim: quanto mais vc anda, mais paga. Eu acho! rs

Descemos perto da avenida Tacna e fomos a pé até a Plaza San Martin. Em volta dessa praça há alguns cafés, um hotel muito bonito e um KFC. Você, brasileiro, se lembra do KFC, aquela rede que servia frano? Sente saudades? Pois venha ao Peru! Aqui tem mais KFC que McDonalds. Os peruanos adoram pollo.

Seguindo em frente, caminhamos pelo centro comercial de Lima e, finalmente, chegamos a Plaza Mayor, às 11h45. O timming foi perfeito e ñ programado: chegamos bem na hora da troca da guarda no Palácio de Gobierno. É bem legal, os guardas ficam impecavelmente bem vestidos e fazem uma cerimônia muito bonita, com direito a fanfarra e tudo. Vale ressaltar que se você quiser visitar o palácio, é necessário agendar com 48 horas de antecedência.

Também na Plaza Mayor, fica a Basílica Catedral de Lima, fundada em 1535, por Francisco Pizarro, que jaz aqui dentro. A visita custa  soles e dá direito a um guia, em português ou espanhol. Se preferir, pode-se visitar sozinho, com um guia de bolso, também em espanhol. A catedral é reconhecida como patrimônio histórico da humanidade e é passagem obrigatória no centro histórico de Lima. A visita também inclui conhecer as criptas de los Arzobispos, onde estao os restos de quase todos os padres da cidade, desde Jerónimo de Loayza (o primeiro) até o cardeal Augusto Vargas Alzamora, o último a falecer.

Mas, se você ñ curte essa coisa de privilegiar os ricos até na hora de morrer, entao ñ deixe de conhecer o Monastério de Sao Francisco. Ele fica duas quadras a direita do Palacio do Gobierno e possui dentro dele mais de 25 mil pessoas mortas. De todas as classes sociais, sem distincao. A visita custa 7 soles e estudante com carteirinha internacional paga meia. A visita inclui as principais salas do moastério, a biblioteca, que é de tirar o folego, e, as famosas Catacumbas! ñ é permitido fotografar, mas mesmo assim, eu tirei algumas. É impressionante e assustador. As catacumbas foram onstruídas imitando as romanas. Sao uma especie de labirinto, o teto é baixo e o cheiro bem estranho. Por todo lado vê-se ossos, separados pelo tipo. Primeiro tíbias, depois crânios e por aí vai. Aqui eram enterradas todas as pessoas de Lima, até a construcao do pirmeiro cemitério da cidade em

Um pouco a frente do centro, fica o Museo de la Inquisición, onde foram julgadas, torturadas e condenadas por heresia diversas. Numa das salas, sao reproduzidos mos tipos de tortura.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Lima - Miraflores

Quando pesquisei onde ficar em Lima, sempre diziam Miraflores. Nao é por menos: o distrito além de muito bonito, limpo e seguro, fica super bem localizado. A principal avenida é a Arequipa, que liga o centro de Miraflores, perto do mar, até o Centro Histórico de Lima.

Ontem à tarde saimos rumo ao centro de Miraflores, ou melhor, rumo ao Pacìfico. A esperanca era desfrutar um belo pôr do sol de frente para o mar. Mas, a garúa ñ para um só segundo e Lima inteira fica encoberta por uma névoa. Mesmo assim, a visao que se tem desse oceano é de tirar o fôlego. Lima se parece um pouco com Salvador: à cidade fica no alto, de onde se pode contemplar o mar.

Desse ponto está El Plaza de Amor: um monumento aos amantes e, porque ñ, aos adoradores do mar, como se pode ler na fotinho aí do lado. Aqui, varios casais ficam agarradinhos trocando carinho. Saudades do meu amor...

Dica:
No centro de Miraflores há diversos cafés, bares e restaurantes. Opçao para comer ñ falta. Mas se quiser beber uma Cusqueña num local mais brasilis, tem um bar com duas bandeiras enoormes do Brasil no fim da praça principal, o Media Naranja:
Endereço: Schell 130, Just off Miraflores' main plaza, Lima, 18

Huaca Pucllana

Nosso primeiro dia em Lima foi muuuito longo. Alem das duas horas que ganhamos por conta do fuso horário, o dia rendeu bastante. Chegamos no nosso hostel, o HQVilla, as 10h, horário local. O check-in era só às 13h, por isso, tivemos que deixar as mochilas e esperar um tempo.

Decidimos ir dar uma volta para reconhecer o lugar. Com meu guia em mãos, sabia que aqui perto havia um sitio arqueológico e fomos a busca dele. Há umas oito quadras no hosel, em meio a prédio e casas, jaz o sitio arqueológico de Huaca Pucllana.     

Huaca Pucllana e um centro cerimonial da cultura de Lima, que se desenvolveu na costa central do Peru entre os anos de 200 – 700 d.C. A existência desse belo sitio arqueológico no coração de Miraflores serve como testemunho do passado desse povo que, alem de ser um oásis diante da modernização de Lima. O sitio conta com um pequeno museu, onde estão algumas pecas encontradas nas escavações e um belíssimo restaurante.

Museo de Sitio Huaca Pucllana
Avenida General Borgoño S/N Miraflores
Lima – Perú
Telefax 445 – 8695
Teléfono 440 – 8276

Dicas
A entrada custa 10 soles e vale cada centavo. Você pode escolher a visita em espanhol ou inglês e os guias são muito atenciosos e bem informados.

Carlos e as buzinas de Lima

A chegada no Aeropuerto Internacional Jorge Chávez, em Lima, foi super tranqüila. Nossas mochilas chegaram bem, sem nenhum dano. (veja dica abaixo). O aeroporto e lindo e muito organizada. Rolou um friozinho na barriga na hora de passar pela imigração. Mas foi tudo bem. O Hector, funcionário da imigração, foi quem me deu meu primeiro carimbo no passaporte, com 30 dias para aproveitar o Peru. Com a Daí também tudo bem.

Aeroportos são um não-lugar, certo? Tudo e lindo e calmo. Assim que deixamos o aeroporto, vários taxistas se aproximaram. Saímos à direita em direção a um deles, Carlos. Ele nos levou ate seu carro, eu acho que uma espécie de Civic preto, muito limpo e bonito. Mais que prontamente, já liguei a câmera e comecei a entrevista.

Carlos è peruano de Huaraz, uma província ao norte de Lima. No caminho entre Callao e Miraflores, Carlos foi nos dando uma aula sobre a cidade. Nos explicou que Lima e dividida em distritos (Callao, Miraflores, San Isidro, Barranco e outros). Comentei que o tempo aqui era parecido com São Paulo. Com muitas nuvens, um céu cinzento e garoa fina. Ele nos disse que assim e Lima sempre! Comentou também que aqui e muito seco e que não chove nunca, apenas garoa sempre! Ele destacou uma curiosidade sobre a cidade: não existe saída para água nas ruas, não há os bueiros. Ele também comentou que muitas casas em Lima são feias de barro e que se chovesse muito por aqui, seria um caos!

No caminho ate Miraflores, onde fica nosso hostel, aprendemos muito sobre Lima, mas o que não vamos esquecer e o transito totalmente caótico! Os carros param em qualquer lugar, há diversos tipos de ônibus e vans que disputam passageiros com os táxis e ficam buzinando o tempo todo.

Dicas e perrengues
- Os táxis em Lima não possuem taximero, por isso, combine o valor da viagem antes. De Callao, onde fica o aeroporto, a Lima, são 45 soles. Há opções mais baratas, mas não tão seguras quando se esta com bagagens e com aquela pinta de turista. Mas, aos que quiserem se aventurar, e so sair um pouco da frente do aeroporto e pegar uma dessas vans ou algum táxi não oficial. Como saber se não e oficial? Acredite, você saberá!

- Esteiras de avião são perigosas para qualquer mala. Mas, no caso de mochilas há um desejo em destruí-las. Por isso, não hesite em gastar cerca de R$ 30 para embala-las antes de despachar para embarque. Você pode se informar se sua companhia aérea oferece esse tipo de serviço também.

- Varias pessoas me disseram que trocar dinheiro antes do embarque era algo tranqüilo de fazer. Bom, não foi assim comigo. O único banco que faz o cambio para soles (moeda peruana) e o Safra, em Guarulhos. Liguei com uma semana de antecedência para avisar da minha necessidade, mandei e-mail e ainda, um dia antes liguei novamente. Sempre me disseram para ficar tranqüila que eu poderia fazer o cambio numa boa. Bom, ñ foi bem assim. Chegamos no guichê e a moca me informou que não tinha soles. O cara com quem eu falei so entrava às 5 da manha, horário que eu deveria embarcar. Sai como uma doida em busca de outras casa de cambio que tivesse soles. Não tem nenhuma. Quando já estava desistindo, a moca do Safra me chama no meio do aeroporto e diz que agora tinha o dinheiro. Ai, ai, eu já estava uma pilha nessa hora. Enfim, não deixe isso para ultima hora!!!

O Peru é marrom!

Eu odeio avião. Não gosto quando eles decolam tampouco como eles pousam. Sempre e um problema para eu embarcar nessa coisa. Da ultima vez que viajei, minha irmãzinha estava comigo e, coitadinha, teve que ficar me acalmando o tempo todo. Dessa vez, quem sentou do meu lado foi a Dai, em sua primeira viagem. Eu dei uma surtada básica na decolagem, chorei e tal.  Mas ate que foi de boa.

Nosso comandante informou que o tempo estimado de vôo era de 4h50. Uma vez lá em cima, e impressionante o que se vê. Primeiro, verde, depois uma selva com vários caminhos que parecem ser rios. Depois disso, tudo ficou ainda mais interessante. Varias montanhas com o pico branquinho! Foi a primeira vez que vi neve.

Então, do branco da neve, para o marrom das montanhas que se mesclavam com planícies também marrons. A Daí comentou que não era possível alguém morar por ali, pois era tudo muito seco! A impressão e essa mesma. Ate sobrevoarmos o Titicaca.

Eu achando que só o veria daqui alguns dias, não agüentei e chorei. Brega, eu sei.
Esse post e meio brega, ficar descrevendo uma viagem de avião. Mas, nessas quatro horas e cinqüenta minutos, eu só pensava “já estou nas nuvens, daqui pra frente não e mais sonho, e realidade”.

sábado, 10 de julho de 2010

Novo roteiro

Se a vida nos dá limão, então façamos uma bela limonada. Ou melhor, como minha companheira de viagem diria, façamos uma bela caipirinha!

Nessa vibe de aceitação total dos imprevistos, partimos amanhã, às 6 da manhã, rumo a Lima, sem data de retorno! Sim, temos a passagem de ida e a de volta está para "ser marcada". Isso porque tivemos que refazer nosso roteiro de última hora. Mas, alguns anjinhos me disseram que essa mudança é para melhor. E eu confio muito nisso.

Aí do lado, nesse mapinha, está nossa ideia de roteiro. A intenção é fazer:
LIMA - CUSCO - MACHU PICCHU - ÁGUAS CALIENTES - PUNO - AREQUIPA - NAZCA - ICA - ISLAS BALLESTAS - LIMA - ??

Que posso deixar de dica? Bom, é legal planejar, ficar desenhando mapinhas, ligando rotas, sabendo todos os horários e etc. Mas, eu nem parti e já aprendi uma coisa: é melhor deixar rolar!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Destino pede a gente muda

Eis que, praticamente às vésperas de embarcar, descubro que para entrar na Bolívia, vindo de um terceiro país, no meu caso, Peru, é necessário passaporte! Eu tenho o bendito documento, mas minha companheira de viagem não! Então, surtei!!! E agora, a passagem está comprada! O que fazer?

Recapitulando: Iríamos para o Lima e voltaríamos de La Paz. A maior parte do meu roteiro sempre esteve no Peru, e a Bolívia seria um plus. Agora, ficará para o próximo mochilão!Tudo bem!!!!

Vou refazer meu roteiro hoje. Na verdade, vou colocar no papel, pois já tenho um esquema lindo na cabeça. No final das contas, acho que será até melhor. Agora, conhecerei o interior e o litoral do Peru. O que eu não faria se fosse rumo à Bolívia.

Não tenho mais data para voltar agora. vou decidir isso no caminho e estou adorando essa ideia!
Por conta da mudança de rota, mudei o nome do blog! :)

Fica a dica: não confiem em infos em fórum nenhum sobre passaporte e vistos. Liguem na embaixada sempre!

terça-feira, 6 de julho de 2010

El Camino Inca


Passagens compradas: São Paulo – Lima / La Paz – São Paulo.
A decisão agora era: como conhecer Machu Picchu? De trem, como a maioria faz? Ou pela Trilha Inca? Em abril, quando estava prestes a tomar essa decisão eu ia sozinha e bateu um medo de passar 4 dias e 3 noites em meio às montanhas sem ninguém para choramingar, se necessário. Estava prestes a fazer a besteira de desistir da trilha, quando a Lu, amiga querida, me convenceu do contrário. Graças a ela, tomei coragem e decidi fazer a trilha. Sozinha mesmo!

Eu já sabia que para fazer a trilha era necessário reservar com antecedência com alguma agência. Procurei referências nos fóruns do mochileiros e entrei em contato com a PeruInfo. Desde o primeiro momento, eles foram extremamente atenciosos e me explicaram tudo.

Pois então, reserva feita: Trilha Inca de 16 a 19 de julho, (período no qual não haverá posts...rs...). Sim, é necessário certo preparo físico e não, eu não me preparei para isso. Vai ser na raça mesmo! Vale dizer que, uma semana depois de ter reservado a trilha inca, minha amiga do coração, a Dai, decidiu embarcar comigo nessa viagem. Foi uma correria, mas conseguimos reservar pra ela também! Agora, se eu passar mal, ela me carrega! :)

DICA: No site da Mundo Terra, loja especializada em esportes de aventura, tem um check list com o que é necessário para encarar a trilha. Vale conferir e, se você estiver em São Paulo, vale visitar uma das lojas. Os vendedores são super atenciosos e fazem um papel de consultor de viagem mesmo.

Como é a Trilha Inca
O percurso deste trecho famoso que é conhecido como Caminho Inca começa no km 82 da ferrovia Cusco/Quillabamba, atravessa as montanhas acima da margem esquerda do rio Urubamba e chega até Machu Picchu depois de 4 dias de caminhada. São cerca de 42km de extensão e a altitude máxima é de 4215 metros.

Durante o primeiro dia de caminhada o terreno é liso, sem pedras, mas sobe continuamente. Alguns consideram esse como o dia mais difícil de todo o Caminho Inca, pois apesar de ainda não se chegar às grandes alturas o organismo ainda não está bem adaptado e sofre-se muito com os efeitos da altitude também conhecido como "Soroche" ou Mal da Montanha.

No segundo dia de caminhada a trilha fica cada vez mais íngreme e o terreno cada vez mais irregular. A trilha eleva-se abruptamente em direção à primeira passagem, Abra de Warmiwañuska ("passagem da mulher morta") a 4.200 metros acima do nível do mar. Geralmente venta bastante neste local e o frio é intenso devido à altitude. É um momento para sentar (se você não desabar...), descansar e admirar as lindas paisagens, mesmo que o tempo esteja nublado.

De Warmiwañuska a trilha é marcada por grandes descidas e algumas pequenas subidas. Muitos trechos possuem calçamento original inca. Ao longo deste percurso existem os sítios arqueológicos de Runkuraqay, Sayacmarka, Puyupatamarka e Wynaywayña.

Os nomes da maioria dos lugares ao longo da trilha são originários da língua Quéchua e foram adaptados pelo guia do norte-americano Hiram Bingham em sua expedição de 1915.

Runkuraqay ("pilha de ruínas") está a 3.850 metros de altitude. Por causa de sua posição e da disposição de seus compartimentos, acredita-se que o edifício tenha sido um tambo, um tipo de posto para os viajantes que seguiam a trilha até Machu Picchu. Tinha áreas com dormitórios para os viajantes e instalações de estábulo para seus animais domesticados. As paredes desta construção são do tipo "pirka".

Sayacmarka foi explorada pela segunda expedição de Bingham em 1915, que lhe deu o nome de Cedrobamba ("planície de cedros"). Em 1941 uma expedição liderada por Paul Fejos explorou novamente o lugar e rebatizou-a como Sayaqmarka, considerando sua localização geográfica que domina visualmente todo o vale do rio Aobamba. Dentro da cidadela existem diversas construções feitas com certa complexidade por terem sido adaptadas à forma da montanha, incluindo-se um aqueduto de pedra que uma vez levou água para o local. As paredes são sólidas e a forma da fortaleza pode ser vista facilmente de longe.

Puyupatamarka ("lugar sobre as nuvens") está a 3.680 metros de altitude. Assim como os outros, este grupo arqueológico também foi descoberto por Bingham em 1915, mas foi Paul Fejos quem em 1941 o rebatizou com o nome de "Puyupatamarka" em razão de que este lugar, quase sempre, se acha por sobre a neblina e as nuvens que se formam nos vales ao redor. Estas ruínas estão numa área de onde visualmente é possível controlar um amplo território e possivelmente foi um importante núcleo administrativo e religioso. Destaca-se neste conjunto uma plataforma de forma quase ovalar e uma série de estruturas retangulares alinhadas ao longo de um dos lados com canais por onde ainda escorre a água a partir do nível mais alto. Alguns acreditam que essas estruturas eram banhos com alguma função ritual.

Wynaywayña foi revelada por Paul Fejos em 1941. Posteriormente, em 1942, o arqueólogo peruano Julio C. Tello rebatizou o lugar com o nome de Wiñaywayna ("jovem para sempre") que também é o nome quéchua de uma espécie de orquídea, (Epidendrum secundum), muito comum nas redondezas. Neste grupo arqueológico se encontram diversas construções bem trabalhadas, entre elas se destaca uma na parte superior conhecida como "torre" construída parcialmente com pedras trabalhadas; uma sucessão de 10 fontes rituais do lado direito que são clássicas em todos os povoados importantes e também o setor agrícola com grande quantidade de terraços artificiais. Mais abaixo estão outras construções na borda do precipício, com paredes do tipo "pirka", de onde se tem uma vista maravilhosa da parte inferior das montanhas. Em direção ao noroeste chega-se até "Intipata" ("lugar do sol") consistindo essencialmente de terraços artificiais para uso agrícola.

A etapa final da trilha inca a partir de Wiñaywayna é através de um impressionante caminho talhado com maestria na montanha, em cujo lado direito está um profundo precipício. É uma caminhada fácil, seguindo pela trilha larga e por entre um bosque bem arejado. Depois de mais ou menos uma hora, a trilha se estreita em degraus que conduzem acima até uma pequena estrutura de pedra com um chão de grama de alguns metros quadrados. Este é Intipunku ("porta do sol") situado à 2.650 metros de altitude. Possivelmente foi uma espécie de alfândega para controlar a entrada de quem chegava à eterna cidade. De intipunku se tem a fantástica visão panorâmica de Machu Picchu.

Pela conjunção destas intrigantes ruínas com as espetaculares paisagens que oferece aos viajantes durante os dias de caminhada o Caminho Inca é uma das rotas de trekking mais famosas do mundo.

Percorrer o Caminho Inca é reviver o modo como os incas faziam para chegar a Machu Picchu. Devido à altitude e ao esforço requerido nos dois primeiros dias de caminhada é um momento de superação e um desafio pessoal.

Fonte:
Texto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Caminhos_Incas

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ligando os pontos: Os guias de viagem

Como de praxe, tendo a preferir um livro que passar horas no computador. Então, minha pesquisa começou nos guias de viagem. Primeiro, comprei O Guia do Mochileiro - Um Roteiro Pela Bolívia e Peru, de Alice Watson, que, como já mencionei, me encorajou a seguir com a ideia de mochilar sozinha. Ele é divertido pelo relato, mas não serve para levar debaixo do braço. Falta informação, o que já sobra no Guia criativo para o viajante independente na América do Sul, de Zizo Asnis & Os Viajantes. Esse eu emprestei com a Susana, uma das pessoas que mais me deram força em encarar essa aventura. A Su exala otimismo e já foi para o Peru. Por essas e outras, foi uma das minhas fontes mais seguras.

Com o guia emprestado pela Su, eu me muni de todas as informações que precisava para rabiscar, dessa vez, para valer, meu roteiro. Esse guia me ajudou a entender como ir de uma cidade a outra. Ou seja, como ligar meus pontinhos. Foi em março que eu defini finalmente meu roteiro: Lima – Cusco – Machu Picchu – Águas Calientes – Arequipa – Puno – Copacaba – La Paz.

Óbvio que a decisão do roteiro não foi feita somente em cima de guias. Pesquisei, e muito, em diversos sites, sendo o mochileiros.com o melhor deles. O site permite trocar informações com outros viajantes, compartilhar roteiros, tirar dúvidas, entre outros. É fonte indispensável de consulta para qualquer mochileiro, ainda mais para os de primeira viagem, como eu. Aliás, vale a pena conferir o Guia do Mochileiro de 1º Viagem deles.

Apenas para citar, comprei também o Rough Guide Peru, de Dilwyn Jenkins, mas não me adaptei.

Qual guia levar?
Eu escolhi o Peru Travel Guide, da Lonely Planet, para ser meu companheiro de viagem. Ele é o mais atualizado (abril/2010), o que tem mais mapas e indicação de hospedagens. Só possui versão em inglês e pode ser comprado pelo volume ou somente alguns capítulos, pelo site da Lonely Planet, onde é legal fazer um cadastro e trocar infos também.

Pacha Mama

Para os andinos, Pacha Mama é uma deusa, a Mãe Terra. A palavra "Pacha" originalmente significa universo, mundo, lugar, tempo, enquanto que "mama" significa mãe. É a geradora de abundância e de tudo que na terra existe. É a vida, as estações, a fecundidade, é o ciclo da vida, da morte, do renascimento.

O mito de Pacha Mama referia-se primitivamente ao tempo, talvez vinculada de alguma forma com a terra: o tempo que cura as dores, o tempo que distribui as estações, fecunda a terra. Pacha significa tempo em linguagem kolla, porém com o transcurso dos anos, as alterações da língua, e o predomínio de outras raças, terminou confundindo-se com a terra.

Dia primero de agosto é o dia de Pacha Mama. Nesse dia se enterra em um lugar próximo da casa uma panela de barro com comida cozida. Também se põe coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha para alimentar Pacha Mama. Nesse mesmo dia deve-se pôr cordões de fio branco e preto, confeccionados com lã de lhama enrolando-se à esquerda. Estes cordões se atam nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço, para evitar o castigo de Pacha Mama.

Diz a lenda que Pacha Mama aparece aos homens como uma velha e pequena senhora. Os estrangeiros que a vêem, segundo a lenda, jamais deixarão de retornar aos Andes.

Fonte: Wikipedia

Meu pai não vai me levar. E agora?!

Marquei minhas férias para julho por dois motivos: poderia me ausentar da pós e minha irmãzinha que viajou comigo em 2008 poderia ir comigo nessa aventura. Mas, ela não quis: preferiu ir para Porto Seguro com a turma na tão esperada viagem de formatura.

Convidei alguns amigos, mas, não recebi nenhum aceite. Então, o jeito era ir sozinha. O destino estava traçado: Machu Picchu. Mas, como chegar lá sozinha?

Minha primeira ideia foi agendar uma hora numa agência de viagem especializada em Peru. Achei que era a maneira mais segura de ir sozinha. Mas a ideia de alguém “empacotar” meu sonho e colocar data, hora e preço não me deixou à vontade.

Faltei no dia marcado e comprei meu primeiro guia: O Guia do Mochileiro - Um Roteiro Pela Bolívia e Peru, de Alice Watson. O guia é por uma jornalista que mochilou sozinha pelo Peru e pela Bolívia. Como guia em si, não é muito bom, mas o relato que ela faz da experiência de viajar sozinha sim, além de trazer dicas muito interessantes para garotas e fotos belíssimas.

Minha primeira decisão, e mais importante, foi tomada: fazer um mochilão!

O rabisco de um sonho


Era no tempo do meu ginásio. A sensação era de não ser mais criança agora que estava na 5ª série! Para cada matéria tinha um professor e um livro diferente. O peso não incomodava em nada, pelo contrário, ficava feliz em carregar aquele material todo. Em especial, o livro de História. Tinha aula às terças e quintas e, durante aquele ano, a professora nunca conseguiu me surpreender, pois a ansiedade me fazia devorar os capítulos antes.

Foi num desses momentos que eu vi a famosa foto da cidade de pedra. Meus olhos foram direto na legenda e eu me lembro de que ela dizia algo como a cidade de pedra nas nuvens. Quando terminei de ler o capítulo sobre as “civilizações pré-colombianas” ficou uma confusão na minha cabeça com os três povos: incas, os maias e os astecas. Qual desses três povos havia construído aquela cidade? Em que lugar ela ficava? Quem a tinha descoberto? Eu poderia ir até lá?

Machu Picchu, então, tornou-se um sonho para mim. Aos onze anos, comecei a planejar como seria chegar lá. Eu não tinha computador em casa, então recorri à enciclopédia Larrouse (rs) e aos mapas do anexo do livro de geografia. Fiz vários pontinhos de como eu chegaria lá. Engraçado que, nessa época, eu não pensava em pegar um avião. Meu caminho era pelo pantanal, pois meu pai sempre viajava para lá em julho eu achava que numa das suas viagens ele poderia me deixar “na metade do caminho”.

Meus pontilhados me acompanharam por dez anos. No terceiro ano de faculdade, encontrei uma companheira disposta a fazer essa viagem comigo. A Sarinha, como sempre mais organizada que eu, tinha um roteiro em mãos e me apresentou a ideia. Detalhe: no caminho dela, passaríamos bem perto do pantanal! Antes das aulas e nos intervalos nós tentamos planejar essa aventura. Mas, a vida de estagiárias não nos permitiu combinar datas e o sonho ficou adiado.

Agora, formada, empregada, já cursando uma pós e um pouco dona dos meus próprios passos, decidi mergulhar de cabeça e finalmente conquistar meus pontinhos. Decidi ir sozinha e comprei minhas passagens. Alguns dias depois, a Daí, minha amiga que eu conheci na 5ª série decidiu ir comigo. Embarcamos nesse domingo, dia 11, rumo à Lima. Mas, com a ansiedade como minha característica, meu planejamento já dura seis meses e um dos intuitos desse blog é dividir esse processo nos próximos posts.

Outro objetivo é, na verdade, bem egoísta: quero registrar como a garotinha da 5ª série cresceu e agora vai buscar seu sonho nas nuvens.