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sábado, 31 de julho de 2010

Titicaca - Ilhas Flutuantes de Uros

Antes de tomar o primeiro gole do seu suco de laranja, o comandante da nossa embarcação despejou três goles pela janela. Nossa guia, Maritzia, antes de tomar seu primeiro gole de sua coca cola também fez o mesmo. Curiosa, quis saber o motivo. Maritzia me explicou que é uma oferenda ao Titicaca. Que o lago sente vontade assim como nós e que devemos sempre ofertar a ele como retribuição à fartura que ele nos oferece.

Nosso passeio pelo Titicaca durou o dia todo. Zarpamos bem cedo, por volta das 7h30, quando uma névoa pairava sobre o azul escuro das águas do lago. Pulamos de barco em barco até encontrarmos o nosso. Sentei-me ao lado do capitão e fiquei morrendo de medo quando vi o quão longe dos salva vidas eu estava. Normal. A Sarinha bem sabe que eu sou neurótica com barcos.

Para minha sorte o lago estava calmo e o passeio todo foi muito tranquilo. Nossa primeira parada foi nas Ilhas Flutuantes de Uros. Eu já tinha lido bastante a respeito e, como já é conhecido, interesso-me muito por esse tipo de vida ilhéu. :) Mas, nada do que eu havia estudado, visto em fotos coisa assim, pode expressar com verdade como esses pré-incas vivem e mantém suas tradições até hoje.

Maquete das ilhas flutuantes de Uros
As ilhas sao feitas de totora, um material flutuante muito resistente. Cada ilha tem um tempo de vida útil de até 30 anos, e então, eles devem começar a construir outra. Na ilha em que paramos, eles fizeram uma maquete de como sao construídas e o que há em cada ilha. Veja na foto aqui ao lado. Todas são semelhantes: há cozinha, uma torre para observação, as casinhas e uma área comum para eles.

Assim que terminaram de nos explicar como viviam, os uros nos ofereceram pao quentinho e, então, pude conhecer Suma. Ela me mostrou sua casa, falou-me sobre seu cotidiano e também sobre suas roupas.

Eu e minha amiga Suma
É claro que eu pedi para me vestir como ela e o resultado é esse aqui do lado. Ela me explicou que essas cordinhas com pom-poms se chamam Bom-Bom e as moças de Uros as balançam quando estao procurando um marido!

A simplicidade, a organização e as cores destoam no azul do lago e no bege das casas, formando um visual que só traz reflexão. Como forma de incrementar sua renda, os uros constroem barcos lindíssimos para levar os turistas de uma ilha a outra e cobram 10 soles por isso.

Fui a última a entrar na embarcação e nao havia mais bancos para mim. Melhor, pude ir com o Brian, ilhéu mais novo de Uros. Ele tem 2 anos e meio, anda descalço sobre as totoras congeladas com alguns postais na mão que tenta vender aos turistas. Ele é órfão de mãe, que morreu ao dar vida a ele. Simpático, meigo e confiante, ele foi o caminho todo do meu lado fazendo caras e bocas para as fotos que eu tirava dele. Seu pai, um dos homens que remavam o barco, me contava como Brian é talentoso e já aprendeu a desenhar na escola.


Brian, o morador mais novo da ilha que conhecemos
 O tio de Brian, o outro remador, me contou que antigamente, quando um turista tirava uma foto, os uros cobravam por isso. Mas, que ele não permite que isso aconteça em sua ilha mais: "De agora em diante, queremos ganhar dinheiro em troca de trabalho e não de favores. Por isso, Brian ja vende seus desenhos".

Ao sairmos de Uros, todas as mulheres se reuniram na beira da ilha e cantaram "Brilha, brilha, estrelinha", em quechua, aimara, espanhol e inglês. Depois, a famosa "vamos a la playa". Tudo muito mágico. Um banho de cultura e tradiçao. O Peru me faz uma pessoa melhor e também me faz muito feliz! :)

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